Consultas de Psicologia e Psicoterapia
Presencial / Online
A Psicoterapia como Processo de mudança
Os objetivos da terapia vão além do alívio dos problemas específicos que determinaram a procura de ajuda. Entre estes objetivos, inclui-se o desaparecimento ou diminuição dos sintomas, o desenvolvimento de insight, aumento do sentido de livre-arbítrio, obtenção ou solidificação do sentimento de identidade, aumento realístico da autoestima, melhor capacidade de reconhecer e lidar com os sentimentos, melhoria da força e coesão do ego, expansão da capacidade de amar, trabalhar e depender adequadamente dos outros, e maior experiência do prazer e serenidade. (Mcwilliams, 2004)

O que acontece numa consulta de Psicologia
Através do recurso à história clínica, é colocado em evidencia o contexto de crise e de conflitos que conduziram o paciente à consulta, bem como as características da personalidade e as possibilidades de mudança, com o intuito de revelar o tipo de intervenção mais adequado às necessidades de cada individuo. Tendo por base o Modelo Relacional Dialógico e as respetivas técnicas e atividades, aplicadas de acordo com o problema e sintomatologia psicopatológica apresentada, são avaliados e identificados os comportamentos, emoções, cognições e situações disfuncionais. Assumindo o papel de testemunha e de contentor da palavra e do símbolo do outro, numa atitude de observador-participante e escuta-ativa, o terapeuta promove a organização do aparelho psíquico e emocional (Leal, 2003). Paciente e terapeuta, a partir das suas subjetividades combinadas e da qualidade do relacionamento estabelecido entre ambos, constroem uma narrativa que dá sentido à história e ao sofrimento (Gill, 1994).
Depressão

A depressão corresponde a uma expressão emocional de desamparo e de impotência. A pessoa deprimida tem como padrão básico o sentimento de inevitabilidade quanto ao seu isolamento e solidão, o receio de não ser amado, a convicção de ser inferior ou incapaz, tendo perdido os seus interesses e desistido de perseguir os seus objetivos.
Ansiedade

Ansiedade e depressão constituem respostas diametralmente opostas do funcionamento humano, mas ambas desadaptativas. A ansiedade, como reação a um perigo - externo ou interno - indica o desejo de sobreviver. O indivíduo, desafiado pelo perigo, mobiliza o sinal de ansiedade e prepara-se para a luta ou fuga, por oposição à depressão, em que se dá a desistência.
Relações Amorosas

O amor é uma experiência humana fundamental e a sua deterioração tem custos significativos, tanto a nível individual como social, profissional e familiar. À medida que a relação amorosa avança no tempo, a satisfação dos membros do casal vai diminuindo (e.g., VanLaningham & Amato 2001), pelo que importa perceber o que fazer para promover e preservar os laços que estiverem na origem da formação do casal.
O fardo do amor

Na ausência de reciprocidade, a experiência de estar apaixonado pode ser causadora da maior angústia e sofrimento, mergulhando aquele que ama numa das mais profundas e perturbadoras dores emocionais que o ser humano pode enfrentar (Fisher, 2004). Neste contexto, o desejo de acabar com o amor surge como um caminho salutar, mas nem por isso fácil na sua concretização.

Revisitar o Passado
Uma das grandes dificuldades na terapia é partirmos do princípio de que já sabemos tudo sobre nós próprios. É fácil transportarmos connosco, ao longo de muitos anos, descrições intelectualmente superficiais sobre acontecimentos dolorosos, que deixam de fora o âmago das nossas emoções. É precisamente este tipo de registo, marcado por relatos esquemáticos e desprovidos de emoção, que nos impede de contactarmos de forma adequada e visceral com o que nos aconteceu e, por conseguinte, de podermos vir a conhecer-nos.
Apenas através de uma verdadeira imersão nos nossos medos, tristezas, zangas e perdas passadas, podemos alguma vez recuperar de certas desordens que surgem quando determinadas situações difíceis se cristalizam dentro de nós. Para nos libertarmos do passado, precisamos de fazer o luto e, para isso, é preciso entrar em contacto com o que realmente sentimos. Precisamos de experienciar, como talvez não tenhamos feito durante décadas, o sofrimento que nos causou determinada vivência que intelectualizámos ao longo de muito tempo.
É possível também que precisemos de sentir uma zanga do passado que arrefeceu e congelou dentro de nós. As crianças pequenas têm tendência a nunca culpar quem as magoou. Dependem demasiado delas para ousarem questionar a sua autoridade. Direcionam a dor para si mesmas, interrogando-se, por exemplo, porque é que não são boas o suficiente para merecer a atenção dos pais. A intervenção do terapeuta pode trazer à tona uma crueldade e irracionalidade do passado e, assim, permitir que alguma da raiva seja direcionada do nosso eu - onde pode ter sido fonte de depressão - para o seu verdadeiro alvo.
Para muitos de nós, a infância foi uma época confusa e traumaticamente solitária, em que fomos colocados em situações que ultrapassam em muito a nossa capacidade de compreender, contextualizar e atribuir culpas corretamente. Como resultado, crescemos essencialmente equivocados sobre quem somos e sobre o nosso valor.
Regressar ao estado saudável pode implicar regressar à criança que fomos em tempos, observando toda a impotência e confusão da infância, concedendo-nos o benefício da compaixão e o discernimento de um olhar adulto. O papel do terapeuta passa por incitar o paciente a sentir curiosidade acerca da estranheza e parcialidade da sua introdução ao mundo. É dado ao paciente o direito a questionar a sanidade dos seus primeiros cuidadores e, nesse processo, recuperar alguma da sua própria sanidade.
Adaptado a partir de "Uma Viagem Terapêutica", de Alain de Botton, 2025, D. Quixote